Cura com as mãos, possibilidades e limitações
Os curadores são, de modo geral, pessoas profundamente interessadas pela vida e pela possibilidade de participar do processo de criação de Deus. A experiência da cura é um retorno à condição divina de equilíbrio que existe potencialmente em todos os seres humanos. O curador é aquele que ajuda o seu semelhante a recuperar o caminho em direção a esse equilíbrio, como um canal através do qual esse processo se realiza.
Como tudo o mais na existência, essa escolha tem lá os seus percalços e o maior deles é o limite que todos os que se interessam pela arte da cura se esbarram, mais cedo ou mais tarde: a própria capacidade do recebedor em se curar. Por isso a primeira, e mais antiga, dica que se pode dar a qualquer curador – seja de Reiki, Rakiram, Aromaterapia, Cristaloterapia, Florais, etc – é: “Nunca queira curar!”. Normalmente quem quer curar é o ego e a nossa vaidade, tantas vezes travestidos das mais puras intenções. O desejo de curar acaba por criar muita expectativa e consequente frustração. O outro recebe o que pode de cada trabalho, o que precisa, e nem uma gota a mais. Curar é um ato da entrega. Seja um canal, faça seu trabalho, coloque suas mãos, os cristais, indique as flores, os óleos e deixe que a obra se realize por si mesma.
A segunda dica mais importante é: ”Não estabeleça o que é a cura.” Ao definir o resultado da cura uma imensa expectativa é criada por aquele que recebe o trabalho. Os resultados nunca podem ser previstos. Existem muitos fatores instáveis que podem interferir, como a fé do recebedor, seu sentimento do quanto é merecedor de ser curado, o quanto de culpa acumula por seu atual estado de saúde e do quanto está aberto e envolvido no processo de cura. A sua disposição em mudar sua direção de vida interna e externamente é o fator mais preponderante para que isso aconteça. Por isso nunca prometa resultados! Para muitos o máximo que se conseguirá é um conforto mais duradouro, para outros uma compreensão mais ampla do que se está vivendo… Existem muitos níveis de saúde que devem ser considerados. Não se esqueça também que a cura que você faz pode abrir os caminhos para que o recebedor encontre canais mais apropriados para um resultado físico. Isso também faz parte do processo e é uma grande benção quando acontece! É claro que aquele que a recebe poderá se sentir mais grato pelo que veio como conseqüência, justamente por não se dar em conta de que outros canais tiveram que ser abertos para que fosse possível acessar aquele benefício tão desejado. Se você estiver seguindo a primeira dica não vai mais sofrer com esse detalhe.
Por fim a terceira dica mais importante é: “Um curador também deve ser curado.” Não se esqueça de aplicar o que você ensina. Use para si as técnicas que indica. Anote e avalie os resultados. Isso o ajudará a se colocar o lugar dos seus clientes. Se você é reikiano, por exemplo, aplique-se reiki todos os dias! Faça as suas experiências com a energia ki e depois então as compartilhe se as achar dignas disso.
Tenha em mente também que você deve se colocar na posição de recebedor, como pode esperar a entrega do outro se você mesmo não desenvolveu a humildade de se entregar aos cuidados terapêuticos de outrem? Outro fator que nunca pode ser esquecido é de que cada pessoa que o procura não surgiu por acaso em sua vida, suas histórias e vivências tem algo a lhe ensinar e orientar quanto aos seu próprio processo de crescimento e desenvolvimento. Nunca se coloque numa situação de domínio e superioridade, os que mais ganham com as experiências da vida são justamente os que se colocam na posição de eternos aprendizes.
JAIME E. CANNES
Publicado no jornal ViIVA BEM, Agosto de 2009.