Somos o que pensamos?
Na maioria do tempo em nossas vidas acontece exatamente o contrário, pensamos o que somos. Por exemplo: se nascemos numa família de pessoas trabalhadoras, mas não bem sucedidas, é provável que pensemos que nada virá para nós sem muito trabalho e empenho, e que nossas ambições sejam bem limitadas, já que não temos exemplos de sucesso próximos.
O contrário também é válido, pessoas que nasceram num meio privilegiado costumam acreditar que o sucesso é uma coisa natural, e que se foi verdade paras seus pais, também o será para si mesmos. Quando isso não ocorre um grande conflito acontece no ego, que não consegue sequer fazer uma revisão de seus atos, uma vez que isso denotaria reconhecer que fez algo de errado! Admitir o erro é admitir a sua humanidade. Para muitas pessoas de famílias elitizadas existe uma crença interna muito forte de que elas são seres quase divinos.
Mudar o padrão de pensamentos para mudar a própria realidade é algo tão magnífico quanto difícil! Requer muita autodisciplina e esforço. Ao menor empecilho o velho pensamento volta: “Eu sabia que não ia acontecer!”. O mais complexo de se entender nesse processo é que dentro da escuridão é que mora a luz! Pessoas com muita vergonha do sucesso, por exemplo, tem um alto potencial para o brilho! Mas muito provavelmente a sua visão cultural de sucesso envolve um grau de exposição e soberba com o qual ela não quer compactuar. Nesse caso um pensamento positivo sobre o sucesso deve ser construído e mantido. Se essa pessoa lembrar que o aplauso ou o elogio são a medida de um bom serviço prestado, o agradecimento e o carinho de quem recebeu uma grande dádiva, então ela não temerá mais nem o aplauso, nem o elogio e não o verá mais nada disso como uma armadilha do ego. Foi o próprio Dalai Lama quem disse: “Não interrompa quando estiver sendo elogiado”. O sucesso é o retorno natural de um bom servidor que ficará cada vez melhor enquanto ele se lembrar de que é um servidor, e os servidores devem manter sua simplicidade, mas para isso não devem recusar o afeto que o reconhecimento dos outros traz em si!
O que torna particularmente complicado criar uma realidade à partir de dentro é o fato de que os registros do passado são trazidos à tona o tempo todo. O ego, ou a idéia que temos de nós mesmos, não aceita mudanças, ele teme que a mudança da realidade conhecida destrua o próprio indivíduo. Mesmo que essa realidade seja de sofrimento e limitação. Então o que fazer? Como já disse uma grande amiga – e minha professora de astrologia – fora do autoconhecimento não há solução! Procure conhecer quais são os padrões de comportamento que não são funcionais dentro do seu processo pessoal de desenvolvimento. Invista em métodos de autoconhecimento tanto tradicionais – psicoterapia, psicanálise – quanto alternativos e holísticos – tarot, astrologia, florais, reiki, etc. A construção de si mesmo é um caminho árduo e normalmente solitário. Não há a quem culpar, nem o passado, nem os pais, ou o país… É só escolher estar e ser um outro caminho, ou seja, reconhecer que somos totalmente responsáveis pela realidade que nos cerca. Somos donos do jardim de nossas vidas! Se temos mais espinhos do que flores, ou mais flores que espinhos isso só revela o quanto nossos olhos foram capazes, ou não, de reconhecer a beleza e nossas mãos de construí-las.
Jaime E. Cannes.
Publicado no jornal VIVA BEM, Setembro de 2009.